Num auditório lotado de travestis, mulheres e homens trans, a AHF (Aids Healthcare Foundation), lançou na manhã desta quinta-feira (17), em parceria com o Programa Transcidadania, da Prefeitura de São Paulo, a campanha “Fazer o teste para o HIV é um direito de todas as pessoas”. Segundo Cristina Raposo, diretora da AHF Brasil, a ONG quer dialogar diretamente com a população de travestis e transexuais e incentivá-la a realizar a testagem para o HIV.
“O Brasil é um dos países mais violentos contra a população LGBT, temos de mudar essa realidade. A campanha foi construída a partir da escuta e do diálogo com a população trans, vamos usar as peças para reforçar a cidadania e direitos humanos desta população, especialmente os relacionados ao acesso à saúde”, disse. “Queremos que todos e todas tenham acesso integral e humanizado no Sistema Único de Saúde”, acrescentou Raposo.
Para a campanha, foram produzidos quatro vídeos especiais que serão veiculados nas TVs dos ônibus da capital paulista e na Rede São Paulo Saudável – TV presente em todas as unidades de saúde da capital. Também serão afixados cartazes da campanha em mais de 600 Unidades Básicas de Saúde e nas 26 Unidades Especializadas em DST/Aids. Será enviado material eletrônico por e-mail aos profissionais cadastrados nas Secretarias Estadual e Municipal de Saúde de São Paulo.
“Precisamos fazer o teste de HIV e nos cuidar. Cuidar da minha saúde me deixa mais forte para continuar minha luta”, disse a travesti Amanda Marfree, personagem da campanha e formanda na primeira turma do Transcidadania.
Além da população trans, marcaram presença autoridades da Saúde, gestores, ativistas da causa LGBT e da aids, beneficiários de programas Transcidadania, além dos representantes da AHF. “No Estado de São Paulo, ainda morrem sete pessoas por dia em decorrência da aids. Precisamos de campanhas como essa para alertar a população e evitar o diagnóstico tardio. Meu pedido é para que vocês travestis e mulheres e homens trans não abandonem o tratamento. Se você é soropositivo, é importante tomar os antirretrovirais, esse é um direitos de vocês”, explicou Maria Clara Gianna, da coordenação Estadual de DST/Aids de São Paulo.
Eliana Gutierrez, do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, também comemorou o lançamento da campanha. “Este assunto é muito importante para a cidade. No ano passado, a Prefeitura de São Paulo começou a disponibilizar eu sua rede de saúde a hormonioterapia para a população transexual. A iniciativa faz partes dos eixos da Política Municipal de Atenção à Saúde Integral da População LGBT e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região central de São Paulo.”
Ampliação das políticas específicas
A pesquisadora Maria Amélia Veras, da Santa Casa de São Paulo, aproveitou para contar que está estudando os aspectos sociais desta população no Projeto Muriel. “São pessoas discriminadas e vítimas de violência. Tenho observado o quanto é importante a criação de políticas públicas específicas, precisamos de mais projetos como o Transcidadania, que é pioneiro no processo de resgate da cidadania de travestis e transexuais”, disse.
O secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade, Eduardo Suplicy, elogiou a AHF pela iniciativa e gostou de saber sobre o projeto Muriel. “Estamos lançando hoje uma campanha no sentido de garantir maior respeito para a população transcidadã. Sabemos que é fundamental prevenir o HIV, e só com testagem podemos evitar números como esses que a Maria Clara acabou de anunciar.”
A coordenadora do programa Transcidadania, Juny Kraiczyk, disse que a invisibilidade desta população é muito séria. “Temos de investir cada vez mais no resgate desta população, todos temos direitos a políticas públicas de qualidade. Criamos o Transcidadania para promover a escolarização e a reintegração social de travestis e transexuais.”
Atualmente, a AHF oferece serviços e/ou tratamento médico para mais de 489 mil pessoas, em 36 países — nos Estados Unidos, na África, na América Latina, no Caribe, na Europa Oriental e na Ásia. No Brasil, o foco da instituição, segundo Cristina Raposo, coordenadora da AHF no país, é ampliar a testagem do HIV, principalmente em populações-chave: como HSH (homens que fazem sexo com homens), jovens gays, profissionais do sexo e usuários de drogas, e também no suporte entre o diagnóstico e a primeira consulta.
A testagem rápida para o HIV é oferecida gratuitamente nos CTAs (Centros de Testagem e Aconselhamento) ou nas unidades públicas de saúde (os endereços estão disponíveis no telefone 136 – Disque Saúde). Veja todo o material da campanha na página da AHF Brasil no Facebook.
Dica de entrevista:
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Talita Martins (talita@agenciaaids.com.br)
(Fonte: Agenciaaids.com.br)