Já está provado que o uso diário de um comprimido que combina dois medicamentos — o tenofovir e a emtricitabina – conhecido com o nome de truvada, é eficaz na prevenção do HIV por via sexual. É ele que compõe a PrEP (profilaxia pré-exposição). O que os pesquisadores da Fiocruz querem saber é como funciona esse medicamento especificamente na população trans (travestis e mulheres transexuais). Pensando nisso, lançaram o PrEParadas, estudo que tem por objetivo identificar as necessidades desta população quando o assunto é PrEP. “Não sabemos, por exemplo, como os hormônios interagem com o medicamento”, contou Valdilea Veloso, uma das cientistas responsáveis pela pesquisa.
Essa não é a primeira vez que este público é incluído em pesquisas deste tipo. No PrEP Brasil, além dos HSH (homens que fazem sexo com homens), as pessoas trans também são alvo da pesquisa. “Agora, sentimos a necessidade de criar um novo estudo para gerar mais dados sobre essa população. Elas estão incluídas em outras pesquisas, mas tudo no bloco dos HSH, e isso nos limita a entender melhor como os resultados podem ajudar essa população, as especificidades são outras,” disse a pesquisadora Beatriz Grinsztejn, do Instituto de Pesquisa Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio Janeiro.
Ao todo 120 mulheres trans, todas soronegativas e com riscos de contrair o HIV, serão estudadas por um ano. “Esta será uma pesquisa pequena e restrita à região metropolitana do Rio de janeiro, os fundos são limitados”, contou Beatriz.
Quem tiver interesse em participar do estudo precisa ficar atento. A Fiocruz está só aguardando a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa para dar a largada. “Acho que no máximo em três meses vamos começar o estudo. Mas é importante ressaltar que essa não é uma pesquisa que surge do nada. Aqui na Fiocruz já temos um projeto com esse público, o Transcender, e em breve todos vão conhecer os resultados do estudo Transcender. Pela primeira vez saberemos qual é a prevalência do HIV entre as trans, como é o acesso delas aos serviços de saúde, entre outros”, completou Beatriz.
PrEP Brasil
No Brasil, a promessa é de que a PrEP seja incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde), este ano. Desde 2014, o estudo PrEP Brasil está avaliando em três capitais como será a aceitação, a viabilidade e a melhor forma de oferecer o medicamento no país. O estudo já acontece no Rio de Janeiro, pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e São Paulo, pela USP (Universidade de São Paulo) e pelo CRT-SP (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids do Estado de São Paulo). Em Porto Alegre, é coordenado pelo Centro de Testagem e Aconselhamento do Hospital Sanatório Partenon (CTA-HSP).
Segundo o novo protocolo de tratamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), a PrEP deve ser considerada pelos países, em suas políticas públicas, como alternativa de prevenção voltada a populações com “risco substancial de infecção pelo HIV”.
Cada país, de acordo com a forma como a epidemia se manifesta na população, define quais grupos estão em situação de “risco substancial”. O Brasil chama esses segmentos de populações-chave. Essas populações são: HSH, pessoas trans (transexuais e travestis), gays, profissionais do sexo e pessoas que usam drogas.
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(Fonte: Agencia Aids)