Ainda que exista o reconhecimento do direito à memória como parte dos direitos fundamentais no Brasil, constitui-se um desafio pensar e intervir na exclusão e no apagamento histórico e social de pessoas LGBTs na constituição da sociedade brasileira. Esse apagamento sistemático das produções e das memórias LGBT’s integram práticas de manutenção da lógica heteronormativa, recuperar, bem como tornar visíveis movimentos por reconhecimento e legitimidade das experiências não heterossexuais consiste em uma importante ferramenta para a cultura e memória do comunidade LGBT+..
Atualmente este eixo constitui se do Acervo Cintura Fina, Podcast, ciclo de debates e
inter(ditas), essas ações têm como intuito a ampliação da documentação depositada para preservação e acesso do patrimônio cultural LGBTs contribuindo para a visibilidade/reconhecimento da cultura e das memórias LGBTs na luta pela superação da LGBTfobia.
Acervo Cintura Fina
O nome do acervo homenageia a Cintura Fina, uma dissidente sexual, de uma figura não propriamente travesti, mas do que hoje denominaríamos queer: Uma importante personagem LGBT+ no cenário da cidade de Belo Horizonte.
O acervo Cintura Fina tem como objetivo resgatar, registrar, difundir e preservar o patrimônio relacionado às práticas, memória e produções culturais da comunidade LGBTs, através de histórias de pessoas LGBTs no cenário nacional, bem como referenciar lugares, imagens e documentos.
Atualmente o acervo dispõe do material jornalístico e bibliográfico sobre a travesti Cintura Fina, cedido pelo pesquisador Luiz Morando.
Desde 2010, o NUH, possui todas as colunas assinadas pelo Sávio Reale, artista plástica gay mineiro, que inicialmente assina sozinho, mas logo nas primeiras publicações, há uma mudança e a coluna passa a ter autoria dupla – Dominique, seu namorado, passa de colaborador a co-autor, parceria que termina com o fim do relacionamento, em setembro de 1998. Olhar para a página nos permite mergulhar na sociabilidade LGBT da época, com debates de personagens que habitavam a cena pública em BH e no Brasil, e ações dos grupos LGBT de BH, como as primeiras paradas LGBT+ da cidade.
Além da coluna, com o objetivo de resgatar o patrimônio histórico LGBT em Belo Horizonte, a coletânea da Página GLS, do caderno de cultura do Jornal o tempo, começou a circular em 23 de novembro de 1996 e foi publicada até 24 de fevereiro de 2012, dedicada à cobertura sobre as questões LGBT, . Criada pelo jornalista Marco Antônio Lacerda, contendo também uma seção de cartas.
A coletânea possui 113 cartas trocadas entre 1997 e 2005, de leitores, correspondências institucionais e de pessoas de destaque no meio LGBT.
O acervo conta ainda com exemplares da revista G Magazine (Editora Abril), revista nacional com conteúdo de nudez masculina e reportagens para o público gay.