Diana Sacayán, de 39 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira, 13 de outubro no bairro Caballito em Buenos Aires. Diana era militante referência na luta pelos direitos das pessoas trans e também era fundadora do Movimiento Antidiscriminatorio de Liberación (MAL) e membro do programa de Diversidade Sexual do Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo (INADI). Além disso, colaborava com o suplemento Soy, do Jornal Página 12 e com El Teje, o primeiro jornal travesti da América Latina.
De acordo com o portal Infojus Notícias, Sacayan foi encontrada morta e amarrada em sua cama, com sinais de violência e fortes suspeitas de assassinato em seu apartamento no bairro Caballito. Fontes policiais confirmaram a este portal que a divisão de homicídios investiga uma pessoa que entrou em seu prédio. “Estamos investigando um crime, um homicídio”, declararou a polícia local. Médicos do Sistema de Atenção Médica de Emergências (SAME) afirmaram que o corpo da vítima apresentava feridas provocadas por uma arma branca.
Diana era conhecida por seu combatente ativismo pelos direitos humanos e foi uma das primeiras travestis a receber pelas mãos da presidenta Cristina Kirchner em 2012 o Documento de Identidade com seu nome social, logo após a aprovação da lei de identidade de gênero no país. Neste mesmo ano, Sacayan foi a primeira travesti candidata como Defensora do Povo em La Matanza. Em agosto deste ano, Sacayán havia denunciado a Polícia Metropolitana de Buenos Aires por maus tratos, humilhação e ameaças de morte, após ser presa sem justificativas e agredida fisicamente por policiais.
Em 17 de setembro, Sacayán conseguiu a aprovação da lei das cotas de emprego para pessoas trans pela Legislatura de Buenos Aires, que reservam no mínimo 1% de vagas de trabalho no setor público da província para travestis e transexuais.
Através de um comunicado para a imprensa, o INADI expressou seu profundo pesar pela morte de sua companheira. ” Se existe algo que caracterizou Diana, foi a sua luta, por seus direitos e pelos direitos de toda a comunidade LGBTI. E definitivamente, a luta por um país melhor, onde não houvessem cidadãos de primeira e de segunda categoria. Onde todas e todos obtivessem os mesmos direitos” manifestou o coordenador do instituto, Pedro Mouratian.
O INADI se comprometeu a “Impulsionar todos os mecanismos necessários para respaldar, colaborar e pressionar a investigação do assassinato de Diana até encontrarmos a verdade e julgar os culpados”.
A jornalista feminista Amanda Alma denunciou em sua página do Facebook o assassinato de Diana como um crime político: “O assassinato de Diana Sacayán é um crime político. A duas semanas das eleições, matam assim uma militante da Província de Buenos Aires que denunciou a máfia policial da prostituição e do narcotráfico, que militou pelas leis com seu corpo e sua lucidez, que acabava de aprovar as cotas de emprego para transexuais, uma companheira com perspectiva e futuro. O assassinato de Diana Sacayán é um crime político e assim tem que ser investigado, porque as coincidências não existem e muito menos através de uma facada. Não tornaremos Diana uma vítima novamente, mataram Diana por ser militante travesti, por ser rebelde e lutadora, a mataram por sempre ir em frente e porque não deixava passar uma, porque assim são as pessoas comprometidas com a política. Não é um travesticídio e sim um crime político em 2015”.