Conviver com o diferente ainda é um desafio para muitos. Com o objetivo de diminuir essa barreira, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) criou, neste mês de novembro, a campanha pela saúde do homem, que aposta na inclusão de pessoas com características distintas umas das outras. Pessoas comuns foram convidadas a participar das peças publicitárias, mostrando que hábitos saudáveis de vida podem ser adotados por todos.
Na campanha, são apresentados homens jovens, de meia idade, idosos, negros, brancos, índio e transexual. Em comum, eles têm como missão mostrar que pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença para a saúde. “Pela primeira vez optamos por incluir um homem transexual em nossas campanhas. Acreditamos no poder da publicidade para reforçar conceitos importantes e a diversidade de gênero é um deles”, afirma o coordenador de Publicidade e Mobilização Social da SES-MG, Joney Fonseca Veira. “Ao colocar lado a lado pessoas tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais e com necessidades tão semelhantes, tínhamos como intenção promover a diversidade e fazer com que as pessoas criassem identidade com a campanha”, reforça.
Um dos convidados a participar das peças foi Mel Costa Carvalho, que tem 22 anos, é ator e homem trans. Essa foi sua estreia em campanhas publicitárias e o resultado, segundo ele, foi bastante positivo. “É estrondosa a repercussão para nós. Quando surge uma campanha dessa dimensão, é mais uma batalha que nós vencemos e que nos dá força e motivos para continuar lutando pelo nosso lugar na sociedade e, principalmente, pela nossa sobrevivência dentro dela”, avalia. Para Mel, a representatividade das pessoas trans* na mídia ainda é muito pouca. “Sabemos que vivemos em uma sociedade em que a hetero-cis-normatividade é quase invicta tratando-se de questões publicitárias”, completa.
A transexualidade se refere à condição do indivíduo que possui uma identidade de gênero diferente da designada ao nascimento. No caso de Mel, o processo, como ele mesmo conta, não foi tão turbulento quanto o de outras pessoas trans que diariamente ouvimos falar. “Antes de me assumir perante a sociedade eu fiz um estudo, pesquisei sobre o que era ser um transgênero por conta própria para tentar me entender e saber se existiam mais pessoas que se sentiam como eu”, diz. Apesar das experiências negativas que teve ao longo de sua vida, inclusive com aconselhamentos equivocados, Mel se sente agradecido pelo suporte que teve dos professores de onde se formou como ator, dos amigos que se tornaram ainda mais próximos e dos familiares que sequer lhe questionaram. “Digo que pude viver duas vidas em uma só, e me sinto abençoado por ter tido e ainda ter essa experiência”, ressalta.
O acompanhamento psicológico e dos profissionais de saúde é essencial em todas as fases do processo. No entanto, para Mel, vencer o preconceito continua sendo o principal desafio. “Muitos profissionais não estão totalmente preparados para lidar com pessoas como nós. E os empecilhos vão além disso. Judicialmente, ainda é um obstáculo muito grande na vida de uma pessoa trans não poder ter acesso aos seus novos documentos que indicam sua real identidade, com a qual se identificam. É um caminho muito grande a ser percorrido pela transexualidade, que ainda é considerada uma doença pelo CID (Classificação Internacional de Doenças)”, reforça o ator.
A campanha
O foco da campanha Saúde é Atitude é a saúde integral do homem. Muito além da prevenção contra o câncer de próstata ou de pênis, as mensagens transmitidas pelas peças reforçam a importância dos cuidados com outras doenças como obesidade, diabetes e hipertensão, tão comuns atualmente. Uma alimentação balanceada, à base de frutas, legumes, verduras e cereais, bem como atividades físicas regulares e visitas frequentes aos serviços de saúde são essenciais para uma vida mais saudável.
Saúde LGBT
A SES-MG realiza, no próximo dia 16 de dezembro, das 8h às 18h, na Cidade Administrativa, processo de composição do Comitê Técnico Estadual de Saúde Integral da População LGBT. O comitê tem como objetivo elaborar a política estadual e executar o plano operatório nacional. Será ainda um espaço intersetorial e consultivo de gestão, para auxiliar e monitorar a implementação da política de saúde da população LGBT. Para isso, contará com a participação de diferentes áreas técnicas da secretaria de saúde, de outras políticas públicas e de representantes dos movimentos sociais LGB. Clique aqui e saiba mais.
(Fonte: saude.mg.gov.br)